Morreu Rafael Correia, o jornalista algarvio autor do
programa de rádio da RDP Antena 1, “Lugar ao Sul”, faleceu na passada
sexta-feira, 6 de março, aos 82 anos, em Faro, vítima de doença prolongada.
Reformado desde 2008, Rafael Correia, realizou durante
longas décadas, o programa “Lugar ao Sul”, um programa baseado na recolha e
divulgação da cultura popular, em especial do Algarve e Alentejo.
Deu a conhecer, músicas, gentes e tradições caracterizando a
identidade de um território muitas vezes desconhecido e esquecido.
Durante décadas, sozinho percorreu o país na busca constante
de pessoas, vozes, histórias, canções, usos costumes e ofícios, fui uma dessas
pessoas que um dia teve o privilégio de acompanhar Rafael Correia, na recolha
de sons e vivências em Arronches, numa emissão do seu programa “Lugar ao Sul”,
dedicado à Cegonha branca, que no início dos anos oitenta, estava a recuperar
habitats onde antes tinha sido comum, mas esteve a beira da extinção.
Um programa emitido pelos diferentes canais da RDP, em
diversas ocasiões, recordo que na recolha de sons para o programa tivemos
apenas por companhia um equipamento de som, que transportava a tiracolo
enquanto conversando caminhávamos por margens de ribeiras e vales à procura da
Cegonha branca.
Homem de trato e conversa afável e grande profissional,
evitou sempre os holofotes da fama, avesso à exposição pública, escusando
cerimónias ou mesmo a participar em homenagens que lhe fizeram.
Segundo os colegas passava horas fechado, sozinho no
estúdio, a montar o programa, esse era o seu mundo.
O programa «Lugar ao Sul» constituiu ainda hoje uma das
melhores criações da rádio pública, como um repositório de estórias, música,
poesia popular e conversas com pessoas nas aldeias, serras e pequenos sítios do
Algarve e do Alentejo.
O jornalista Adelino Gomes, afirmou por diversas vezes que
“Lugar ao Sul, foi o mais belo programa da rádio jamais feito sobre a terra, as
gentes, os costumes e a cultura do Sul do continente português”.
“O Rafael Correia deixou um legado único, que depois foi
seguido por muita gente que o tentou imitar. Aquele contacto com as pessoas e o
país, ele foi o primeiro a fazê-lo. Era um mágico, que transformava o som em
imagem sonora. Foi um etnólogo, um Giacometti da rádio”, considera Ramiro
Santos, jornalista e antigo colega.
O “Lugar ao Sul”, terminou a sua emissão na RDP há cerca de
10 anos. Mas, continua vivo na memória de muitos ouvintes, o provedor do
ouvinte, João Paulo Guerra, declarou na Antena 1 que: “ainda hoje há ouvintes a
escreverem para o provedor do ouvinte, a perguntar quando regressa o “Lugar ao
Sul” e o Rafael Correia».
As cerimónias fúnebres decorrem este domingo, 8 de março, na
Igreja de São Luís, em Faro, certamente discretas como o foi em vida Rafael
Correia, à família e amigos apresento sentidos pêsames.
Fonte/Fotos Rádio Cruzeiro e Restos de Colecção
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