As mais de 50 pessoas presentes na Igreja de Nª Sra. da Luz
em Arronches, na tarde de 20 de Abril, puderam assistir a um concerto Pascal de
grande qualidade, a partir de um repertório que passou pelo canto gregoriano
(Regina Caeli, laetare), e percorreu os séculos XVII, XVIII (com Haendel) e XIX
(com Grell).
O concerto começou com duas versões, distantes no tempo, do tema
Regina Caeli – a segunda, de Cererols, quase em alegro vivace –, embora
mantivesse uma unidade melódica próxima das harmonizações da música popular
religiosa. Mesmo os temas de Haendel (este traduzido para português) e de
Grell, de uma suavidade contida e em cadência lenta e grave, não destoaram do
repertório do compositor António Cartageno, autor, como é sabido, de inúmeras
peças vocais e de duas Cantatas e uma Oratória. O excerto da Cantata “Nª Sra.
da Conceição Padroeira de Portugal”, nas suas duas partes (uma primeira de
tonalidade trágica reforçada pelo violino solo de André Fresco, a evocar a
antífona, e uma segunda – Ave Maria – em cânone) foi um dos temas mais bem
conseguidos pelo coro. Algumas entradas a destempo e ligeira sobreposição dos
agudos femininos sobre as vozes do conjunto não destituíram este concerto de
uma amplíssima mística ideada nas harmonizações e nas vozes a um tempo fortes e
amenas.
A regência discreta mas rigorosa do maestro Padre Cartageno confirmou a
personalidade colorida e melancólica do estilo vocal do Coro do Carmo, também
acompanhado nos registos baixos pelo organista João Cavaco. Uma nota
interessante, a adaptação magnífica de um texto de Bento XVI, com harmonização
de António Cartageno. Não são de estranhar o longo currículo do maestro e o
longo historial do coro: Arronches entardeceu com música divina.
Este foi o momento para o Pároco Fernando Farinha apresentar
o guia de visita da Igreja Matriz, um opúsculo de grande rigor documental da
autoria de Maria Helena Reis (estudo e texto) e Emílio Moitas (fotografia).
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