terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Alentejo - Badajoz e Elvas em 1811 – Crónicas de Guerra nas cartas do arronchense Francisco Aranha

No primeiro semestre de 1811, em plena Guerra da Independência, o advogado arronchense Francisco Xavier do Rego Aranha, três vezes por semana informa a sua amiga D. Maria Luisa de Valleré, residente em Lisboa, sobre tudo o que vai ocorrendo em Elvas e Badajoz, sitiada e ocupada pelas tropas de Napoleão.

As cartas de Aranha, permanecerem inéditas dois séculos, sendo agora divulgadas junto dos leitores espanhóis e portugueses pelo Dr. Luís Alfonso Limpio Píriz, licenciado em ciências de informação pela Universidade Autónoma de Bellaterra – Barcelona, numa cuidada edição patrocinada pelo Ayuntamiento de Badajoz.
Estas sessenta e duas cartas certamente vão contribuir para um melhor conhecimento da Guerra Peninsular nesta zona raiana.

O autor das Cartas: Francisco Aranha

Francisco Xavier do Rego Aranha nasceu na vila de Arronches em 1 de Março de 1761, filho primogénito do Capitão José Januário do rego Aranha e D. Feliciana Rosa da Ascensão, recebendo o mesmo nome que o seu tio, bispo de Pernambuco (Brasil), um benemérito que fez diversas duações à Santa Casa da Misericórdia e Paroquia e Arronches, tais como O Órgão de Tubos da Matriz de Arronches datado de 1771 e restaurado em 2004.

Aranha fez os estudos de Direito Civil na Faculdade de Leis em Coimbra, depois de conseguir o grau de Bachillerato, frequentou durante mais um ano as aulas recebendo as lições correspondentes até conseguir em Julho de 1783, “nemine discrepante”, título que lhe facultava o poder “usar de suas Letras livremente em qualquer parte do Reino”.

Dez anos depois de ter terminado a licenciatura em Coimbra Francisco Aranha ingressou na magistratura, exercendo de Juiz de Fóra muito próximo da sua terra natal, na pequena vila de Alter do Chão.

No Verão de 1808 teve que abandonar precipitadamente a sua casa e quinta em Arroches vandalizadas pela tropa inglesa, procurando protecção em Elvas. Não era a primeira vez que se via obrigado a mudar de domicilio, já antes tinha vivido em Pinhel, fronteira de Almeida com Ciudad Rodrigo, local tinha exercido de Juiz de Fóra.

Lisboa e Brasil seriam ainda outros locais onde este arronchense, grande cronista e intelectual, culturalmente ilustrado para o seu tempo encontraria refúgio.

Em suma um livro imperdível não apenas para os arronchenses, mas para todos aqueles queiram conhecer o passado histórico desta região no decorrer da Guerra Peninsular

Numa gentil oferta do autor Luís Alfonso Limpo Píriz tive o prazer de ler este livro “Badajoz y Elvas em 1811 – Crónicas de Guerra” que acabou de ser impresso em Badajoz, no dia 9 de Janeiro de 2011, duzentos anos depois da primeira carta de Francisco Aranha agora impressa neste livro ter sido escrita a D. Maria Luisa de Valleré, filha do Tenente General dos exércitos de Sua Majestade, Guilhermo Luis António de Valleré, um francês ao serviço da Coroa Portuguesa.

De referir que este livro de 512 páginas inclui um apêndice em português com as cartas a D. Maria Luisa de Valleré esciptas d’Elvas desde 4 de Dezembro de 1810 até 19 de Junho de 1811, cheias de notícias da Guerra Peninsular, e principalmente dos dois cercos de Badajoz.

2 comentários:

  1. Um tema deveras intressante e singular. mais um cidadão Arronchense ilustre que urge conhecer e conpreender no contexto da època em que viveu. Um repto à Câmara Municipal para que adquira o livro, se possível traduzido-o para português e o divulgue junto dos seus munícipes.

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  2. Se possível gostaria de saber onde se pode adquirir este livro com as cartas de Francisco Aranha, será que vai estar disponível em Arronches ou Portalegre?
    Pelo que pude perceber este livro é uma publicação bilingue em espanhol e português!

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