quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Arronches - Cinema - DOT.COM com a participação de Isabel Abreu

A Fundação Inatel e o Rancho Folclórico de Arronches na programação integrada no Circuito de Vídeo, levam a efeito esta sexta feira dia 17 de Setembro pelas 21h30 uma sessão de cinema com o Filme DOT.COM, de Luís Galvão Teles com os actores João Tempera, Isabel Abreu, Lia Gama, Marco Delgado.

"Dot.com" é uma comédia lúdica, deliciosa, que possui paralelos com obras dos mestres Fellini e De Sica. A sua proposta é discutir, através da chegada da globalização a uma aldeia que nem consta no mapa, a dificuldade que o ser humano tem em se relacionar com o seu semelhante. Essa discussão, entretanto, é carregada de leveza e graça.

O filme terá lugar na sede do Rancho Folclórico com entrada livre a toda a população.

A história é sobre uma pequena aldeia portuguesa, Águas Altas, que ficou praticamente isolada após a construção de uma barragem. A aldeia e seus habitantes celebram o engenheiro Pedro (João Tempera), que tem a missão de construir uma estrada que conectar Águas Altas ao mundo. Por onde quer que Pedro passe com sua bicicleta, é saudado pelos simpáticos e calorosos aldeões. Pedro, feliz e satisfeito, tem a ideia de criar um site com o nome da aldeia, e inserir vídeos documentais com depoimentos dos moradores, a fim de facilitar a realização da obra.
Tudo vai muito bem até que uma multinacional espanhola, a DRINAM, resolve processar a aldeia de Águas Altas, pedindo uma indemnização de 500 mil euros. A razão: Águas Altas é uma marca registada de um dos produtos da empresa (no caso, água mineral), que detém os direitos sobre o nome. A aldeia de mais de 800 anos terá que fechar o site ou pagar a indemnização.

A população se revolta e resolve inverter o jogo: os aldeões passam a exigir que a empresa pague à aldeia 500 mil euros pelo site. A imprensa chega em Águas Altas e faz com que o governo tenha que se posicionar e tomar alguma atitude em relação à questão. Começa então um jogo de desconfiança e incertezas que, a princípio, somente dividirá a aldeia. Alguns aldeões começam a mudar de decisão, e a confusão se inicia. Primeiro, afectando antigos casamentos, rapidamente a questão toma âmbito nacional. E internacional.

É, simplesmente, uma questão de soberania nacional o site permanecer aberto. Afinal de contas, os espanhóis já invadiram Portugal em 1580. Se os portugueses fecharem o site, não tarda muito, estarão falando espanhol. O movimento ganha força, fazendo com que a empresa e o governo sejam obrigados a repensar suas estratégias.

O roteiro é engenhoso, com diálogos inteligentes, e escrito de forma a obrigar o espectador a subir degrau por degrau. Não por acaso, o filme começa em um sábado e vai, dia após dia, desenrolando o novelo da trama. Interpretações apaixonadas dos veteranos Maria José e José Eduardo representam apenas uma pequena parte de um elenco que presenteia o público com personagens deliciosos.

Pois o filme sobre a aldeia de Águas Altas, na verdade, é uma obra sobre os aldeões. Esplendidamente fotografado, o “modus vivend”i dos habitantes de Águas Altas é encantador, levando o espectador para dentro do ecrã do cinema, para dentro da aldeia. Apoiado nas reviravoltas da sua estrutura, o roteiro, que segue os sete dias de uma semana, causa inevitável empatia com os personagens. Faz o espectador deixar o cinema feliz.

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