Segundo informação avançada pela Câmara Municipal de Arronches, encontra-se a decorrer uma intervenção Cemitério Municipal, na zona dos novos arruamentos.
Ainda de acordo com a autarquia o “objetivo desta
intervenção é dotar as infraestruturas municipais nas melhores condições”.
“Neste espaço, está a ser aplicada calçada de granito e
calcário nos novos arruamentos do cemitério, numa intervenção que está a cargo
da empresa ‘Narciso & Sequeira-Sociedade de Construções de Calçada, Ld.ª’,
tendo sido adjudicada pelo valor total de 3.339,45€, montante que prevê ainda a
realização de algumas intervenções do género noutros locais do concelho”.
O município “relembrar que, além desta obra, estão previstas
também intervenções nos cemitérios das freguesias rurais do concelho, uma vez
que o Município de Arronches atribuiu recentemente um subsídio de 14.500,00€ a
cada uma das Juntas de Freguesia de Esperança e Mosteiros para a construção de
ossários”.
Uma intervenção que no futuro esperamos venha a contemplar
algum do património histórico fúnebre perpétuo ainda existente no cemitério de
Arronches, como antigas lápides hoje quase ilegíveis, ou mausoléus de alguns
arronchenses notáveis hoje a necessitar conservação, como o Desembargador de
Arronches, Miguel Joaquim Caldeira de Pina Castelo Branco - 1787 – 1851 ou
ainda o Eng.º José Barbosa de Morais – 1889 – 1954.
No século 20, a morte foi considerada tabu, assustadora e
fora de controlo, hoje algo mudou e o património fúnebre começou a ser visto
como um museu a céu aberto atraindo visitantes.
De referir que em Portugal, no ano de 1846, as chamadas Leis
de Saúde de Costa Cabral – de acordo com o pensamento sanitário em voga na
época – decretavam a fiscalização dos sepultamentos e reforçavam os decretos de
Rodrigo da Fonseca Magalhães, datados de 1835, que proibiam o enterro “ad
sanctos apud ecclesiam”, isto é, a inumação dentro das igrejas e perto dos
mártires.
Este costume milenar que, segundo Philippe Ariès, remonta ao
século V estava bem enraizado tanto nos costumes da Igreja Católica quanto na
população portuguesa que era maioritariamente cristã, vai sofrer um ataque de
uma pequena “elite intelectual esclarecida” influenciada fortemente pelo modelo
sanitarista dos cemitérios franceses do final do século XVIII e que vai resultar na revolta da Maria da Fonte, em
que mulheres armadas se levantaram contra a Junta de Saúde para enterrar na
igreja um cadáver que, segundo as novas leis, deveria ir para o cemitério
público.
Então, à luz de Fernando Catroga, que estuda as questões cemiteriais em Portugal, e de Camilo Castelo Branco, romancista português que escreveu sobre a Maria da Fonte utilizando diversos apontamentos de generais e testemunhas da revolta, contribuíram para mudança nos costumes funerários portugueses durante o século XIX.
IN / (Guilherme Nogueira Milner)
Fotos/ Emílio Moitas
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