terça-feira, 27 de abril de 2021

Arronches – Autarquia requalifica novos arruamentos no Cemitério Municipal


Segundo informação avançada pela Câmara Municipal de Arronches, encontra-se a decorrer uma intervenção Cemitério Municipal, na zona dos novos arruamentos.


Ainda de acordo com a autarquia o “objetivo desta intervenção é dotar as infraestruturas municipais nas melhores condições”.


“Neste espaço, está a ser aplicada calçada de granito e calcário nos novos arruamentos do cemitério, numa intervenção que está a cargo da empresa ‘Narciso & Sequeira-Sociedade de Construções de Calçada, Ld.ª’, tendo sido adjudicada pelo valor total de 3.339,45€, montante que prevê ainda a realização de algumas intervenções do género noutros locais do concelho”.


O município “relembrar que, além desta obra, estão previstas também intervenções nos cemitérios das freguesias rurais do concelho, uma vez que o Município de Arronches atribuiu recentemente um subsídio de 14.500,00€ a cada uma das Juntas de Freguesia de Esperança e Mosteiros para a construção de ossários”.


Uma intervenção que no futuro esperamos venha a contemplar algum do património histórico fúnebre perpétuo ainda existente no cemitério de Arronches, como antigas lápides hoje quase ilegíveis, ou mausoléus de alguns arronchenses notáveis hoje a necessitar conservação, como o Desembargador de Arronches, Miguel Joaquim Caldeira de Pina Castelo Branco - 1787 – 1851 ou ainda o Eng.º José Barbosa de Morais – 1889 – 1954.


No século 20, a morte foi considerada tabu, assustadora e fora de controlo, hoje algo mudou e o património fúnebre começou a ser visto como um museu a céu aberto atraindo visitantes.


De referir que em Portugal, no ano de 1846, as chamadas Leis de Saúde de Costa Cabral – de acordo com o pensamento sanitário em voga na época – decretavam a fiscalização dos sepultamentos e reforçavam os decretos de Rodrigo da Fonseca Magalhães, datados de 1835, que proibiam o enterro “ad sanctos apud ecclesiam”, isto é, a inumação dentro das igrejas e perto dos mártires.


Este costume milenar que, segundo Philippe Ariès, remonta ao século V estava bem enraizado tanto nos costumes da Igreja Católica quanto na população portuguesa que era maioritariamente cristã, vai sofrer um ataque de uma pequena “elite intelectual esclarecida” influenciada fortemente pelo modelo sanitarista dos cemitérios franceses do final do século XVIII e que  vai resultar na revolta da Maria da Fonte, em que mulheres armadas se levantaram contra a Junta de Saúde para enterrar na igreja um cadáver que, segundo as novas leis, deveria ir para o cemitério público.


Então, à luz de Fernando Catroga, que estuda as questões cemiteriais em Portugal, e de Camilo Castelo Branco, romancista português que escreveu sobre a Maria da Fonte utilizando diversos apontamentos de generais e testemunhas da revolta, contribuíram para mudança nos costumes funerários portugueses durante o século XIX.

IN / (Guilherme Nogueira Milner)

Fotos/ Emílio Moitas









 

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