quarta-feira, 1 de maio de 2013

Arronches - Festival de Música Sacra em remate polifónico


 Encerrou no dia 28 de Abril o II Festival de Musica Sacra de Arronches, com as actuações dos coros Stella Matutina de Évora e Cristo-Rei da Portela de Sacavém. Para além de se ter constituído como um concerto de boa qualidade, sem momentos mortos – eliminados pelos solos de organísticos –, a população de Arronches aderiu em número significativo para também assim dignificar o evento, ainda que fosse desejável uma Igreja Matriz muito mais assistida.

O coro Stella Matutina demonstrou desde cedo a maturidade de vozes habituadas a ler partituras e a respeitar a condução impecável do maestro (também organista) Rafael Reis. Com efeito, o Stella Matutina, que apresentou um repertório variado, desde a escola portuguesa, passando pelo (desta vez) pouco dissonante Maurice Duruflé, e por Palestrina, além de abordar o espiritual negro (Rollo Dilworth), apresentou-se como um coro com uma capacidade interpretativa invulgar – podemos afirmar que nas duas edições do festival foi mesmo o melhor conjunto vocal –, atestada pela combinação dos efeitos contrastantes não demasiado acentuados entre pianos sem oscilação e fortes dinâmicos, para além de entradas e finais de uma precisão imaculável. A peça de Maurice Duruflé, um autor considerado relativamente difícil pela sobreposição de vozes discordantes, foi o exemplo da claridade inequívoca e convincente do grupo.

Também o coro litúrgico Cristo-Rei apresentou um repertório variado, apostando no canto gregoriano, em compositores nacionais, em peças de Schubert, Rachmaninov e Palestrina (para apenas se mencionarem os mais sonantes), e apresentando-se em cambiantes de grande contraste, ainda que com pequenos desacertos nos timbres (em especial no contralto). No entanto, o coro Cristo-Rei apostou em peças de grande intensidade melódica e notou-se a alegria emprestada à sua actuação, reforçada pela mestria do maestro Rui Gonçalves Fernandes, que, aliás, enriqueceu a actuação com os esclarecimentos às peças ouvidas.

Acabou, pois, da melhor forma, um festival que contamos prosseguir no ano de 2014.
Fotos/Texto: A. Pascual 


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