quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Alentejo - Quercus apela ao fim da caça à Rola-comum

A Rola-comum (Streptopelia turtur) é uma espécie migradora e estival que está a desaparecer a um ritmo galopante em Portugal e na Europa. Outrora, distribuia-se pelo País, principalmente no Norte, ocorrendo em áreas florestadas e em terrenos agrícolas adjacentes. A destruição do habitat, a caça excenssiva e a perseguição nas áreas de nidificação e invernação, parecem estar na origem da sua acentuada regressão. Segundo dados recentemente veiculados pela SPEA, a situação da espécie na Europa é muito grave, estimando-se que a tenha decrescido 66% nos últimos 20 anos e 23% nos últimos 10 anos.

Apesar da espécie apresentar o estatuto de “Pouco preocupante” no Livro Vermelho dos Vertebrados publicado em 2005, situação que contrasta com estatuto de “Vulnerável” atribuído em 1990, a Quercus considera que os dados conhecidos aconselham a que se estabeleça uma proibição durante alguns anos para que possa haver recuperação das populações.

Por outro lado, na data prevista para a abertura da caça à rola - 22 de Agosto - é provável a existência de muitas rolas em nidificação ainda com crias no ninho, situação que, se for conjugada com a quantidade e extensão dos incêndios florestais que têm ocorrido em Portugal, provocarão uma grande quebra ainda maior na já debilitadas populações de rola-comum selvagens.

Posto isto, a QUERCUS considera inadmissível que, no Ano Internacional da Biodiversidade, não seja tida em consideração a situação da espécie e se permita que a caça a encaminhe para a extinção.

A QUERCUS apela pois ao Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, e à Ministra do Ambiente que proíbam, com carácter de urgência, a caça à rola-comum, de modo a prevenir a extinção desta magnífica espécie. Solicita-se igualmente que a espécie seja monitorizada nos próximos anos para avaliar os seus efectivos populacionais.

Lisboa, 18 de Agosto de 2010
A Direcção Nacional da Quercus-Associação Nacional de Conservação da Natureza
Foto/ Dave Appleton

1 comentário:

  1. Parece-me bem que a Quercus e as demais ONGA continuem a bater na mesma tecla, já que os próprios caçadores são da mesma opinião. No entanto, enquanto houver amigos ou amigos de amigos de amigos de algum ministro ou secretário de estado com interesses contrários tudo continuará na mesma, nem que para isso se tenham que sacrificar todas as espécies. Neste País, em todas as áreas e a todos os níveis, a coisa pública é gerida em função de interesses particulares minoritários. O interesse público é o último cliente da lista e por isso é que estamos como estamos.
    Luís Venâncio

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