Arronches – Destruição de ninhos de andorinha deixa indignados visitantes do Mercado Municipal

Hoje ao início da manhã de segunda feira dia 4 de Julho, fomos alertados para uma situação insólita que deixou indignados alguns visitantes do Mercado Municipal.
Sem que nada o fizesse prever, julga-se que pretexto da sujidade ocasionada, alguém destruiu alguns ninhos de andorinha-dos-beirais com ovos e filhotes, ainda sem conseguirem voar, talvez por constatar que a sua atitude estava errada ou porque lhe tenham reprovado a acção a maioria dos ninhos ficaram intactos,

No entanto algumas jovens e indefesas andorinhas foram privadas do seu ninho, ainda sem conseguirem voar ficaram sem possibilidade de sobreviverem a este atentado de que foram vítimas.

Assustadas no chão, chamavam pelos pais junto da entrada da Repartição de Finanças, quem passava pelo local não deixava de criticar esta atitude reprovável pelo simples facto de terem destruído os ninhos com filhotes pequenos.

Deixamos algumas imagens deste infeliz episódio, talvez fruto da ignorância existente sobre os benefícios desta pequena ave, esperando o mesmo não se volte a repetir, assim como aproveitamos para informar sobre a importância das andorinhas para o bem-estar do ser humano.

"A andorinha-dos-beirais alimenta-se de insectos, que captura quase exclusivamente em voo. Da sua dieta fazem parte principalmente os afídeos (vulgarmente conhecidos por pulgões), que constituem uma praga para a agricultura, e também as pequenas moscas, tantas vezes incómodas para as pessoas. Assim, a andorinha-dos-beirais, ao eliminar insectos nocivos ou incómodos, contribui positivamente para o bem-estar do ser humano.

Apesar disso, as andorinhas nem sempre são bem acolhidas, especialmente porque a existência de colónias de aves desta espécie é, muitas vezes, sinónimo da presença de dejectos que caem dos ninhos. Por causa disto, são frequentes os casos de destruição intencional das colónias de andorinhas, cuja proximidade é indesejada. Muitas vezes as aves “despejadas” voltam a construir os ninhos no ano seguinte, no mesmo local, por isso nalguns casos as operações de limpeza dos ninhos são acompanhadas da colocação de redes nas paredes, a fim de evitar a recolonização do local em causa. Sendo a andorinha-dos-beirais uma espécie protegida por lei, estes actos de destruição de ninhos são ilegais e podem dar origem a processos na justiça. Um dos casos mais mediatizados aconteceu em 1999, no Alto Alentejo: os cerca de 400 ninhos da grande colónia de andorinhas-dos-beirais, situada no palácio da justiça de Nisa, foram mandados destruir pelo próprio tribunal, com uma autorização especial do Instituto da Conservação da Natureza.

Esta destruição motivou a apresentação de uma providência cautelar pela associação ambientalista FAPAS (Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens) e desencadeou um processo que o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) acabou por decidir a favor das andorinhas-dos-beirais, tendo ordenado ao tribunal de Nisa a retirada das redes de protecção que aquele havia mandado instalar para evitar a reocupação do espaço por parte das andorinhas. O acórdão do STJ alerta para o facto de que o Estado português não se pode alhear da responsabilidade que lhe cabe na «defesa da vida selvagem»".

Fonte: Gonçalo Elias