Dois pequenos troços da coluna é hoje o que nos resta do
antigo pelourinho de Arronches, um símbolo municipal do passado que remonta à
Idade Média, que acabou desmantelado e depositado num quintalão no largo do
castelo, por aqui permaneceram amontoadas as suas pedras em mármore por tempo
indeterminado.
Pouco antes da Revolução de Abril de 1974, a pretexto de
limpeza as pedras e outros materiais ali depositados e considerados sucata,
foram vendidos por um particular a um sucateiro da zona de Estremoz, que além
da compra de ferro velho se dedicava também a adquirir cantaria e outras
velharias um pouco por toda a região.
Por estarem ocultas ou perdidas entre outros materiais
ficaram esquecidos em Arronches dois pequenos troços da coluna, que mais tarde
no decorrer de obras no mesmo local, foram removidas e consideradas entulho.
Felizmente foram resgatadas “in extremis” do entulho,
aguardando atualmente por um local digno que perpetue e represente a memória e
a identidade deste símbolo arronchense.
Hoje possivelmente
voltar a localizar o seu paradeiro ou resgatar as restantes peças em mármore do
antigo pelourinho de Arronches, devera ser missão muito difícil, fica, no
entanto, para memória futura este pequeno fragmento do antigo pelourinho.
De referir que “As forcas e os pelourinhos” por norma
localizavam-se nas principais praças das vilas, em Arronches possivelmente
frente à Câmara Municipal ou no antigo Largo do Castelo.
Quanto á forca de Arronches é conhecida a sua localização e
vestígios no terreno, situava-se fora das muralhas, no ponto mais alto nas
proximidades da igreja de Santo António, como se pode constatar no desenho de
Duarte de Armas, inserido no Livro das Fortalezas, um manuscrito quinhentista,
executado em 1509-1510 por iniciativa de D. Manuel I de Portugal.
A obra contém desenhos de 56 castelos fronteiriços do reino
de Portugal, no qual se inclui Arronches visitados pelo autor para o propósito.
Quais são os motivos de destruição do pelourinho?
Os mesmos são desconhecidos, mas não andaremos muito longe
da verdade se conjugarmos a sua destruição com obras municipais ou com a causa
liberal.
No caso de Arronches segundo residentes mais idosos, consta
que se deveu a obras municipais em miados do século XIX, mas importa não
esquecer que, embora símbolo de liberdade municipal, o pelourinho era também
visto como objeto de desonra e tortura (para os liberalistas) uma vez que as
suas funções passavam pela execução de penas,
açoites, mutilação ou amputação, sendo ainda visível no troço da coluna
existente em Arronches aquilo que se crê serem vestígios de “ferros de
sujeição”, através dos quais eram agarrados artefactos para prender aqueles que
iriam ser castigados.
Fotos/ Emílio Moitas
Gravuras:
- Duarte de Armas / Livros das Fortalezas
- Arronches / Planta do Século XVIII (A.H.M.)
- Pelourinho de Alvalade
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