Em ano de túberas
como é o caso de 2016, ou das “trufas brancas alentejanas”, como são conhecidas
por muitos, mas seja como for, as túberas são fungos, comestíveis, de forma
arredondada (mais ou menos irregular), com sabor e aroma intenso, que se
encontram com relativa facilidade nos campos do Alentejo. Desde a época romana
que as “trufas” constituem uma iguaria muito apreciada, podendo atingir preços
verdadeiramente exorbitantes.
Um pouco por todo o Alentejo e Extremadura espanhola, e em
particular na zona raiana de Arronches, esta época foi excepcional na “apanha
da túbera”, num ritual que passou de geração em geração e que consiste na
capacidade de observação do terreno e de sinais (evidentes ou não) da presença
das ditas túberas.
Um sacho para
revolver a terra, e uma dose (grande) de paciência e sabedoria, são o essencial
para encontrar as túberas no campo, normalmente, é nos terrenos mais “moles”,
segundo os entendidos, lavrados há 2/3 anos e com “mato novo” que as túberas
aparecem com maior frequência. Há, inclusive, uma linguagem muito própria deste
ritual. A presença de uma zona do solo com fendas, o chamado
“escarchão” é, por norma, um sinal a reter. Caso se encontre alguma túbera
isolada, também, não deve abandonar-se o local, pois nas proximidades estará,
diz quem sabe, um conjunto maior das ditas – a chamada “leira”. Os idosos por norma
expert na matéria, depois de encontrarem uma túbera isolada, tinham por hábito
trautear uma espécie de lengalenga que, segundo a sua crença, ajudaria a
encontrar o referido conjunto: “Parceira, parceira, dá-me a tua leira!”
Como a tradição
(neste domínio) ainda é o que era, apanhar túberas continua a ser um
acontecimento frequente nos campos alentejanos, sobretudo, nos meses de março e
abril, as túberas continuam a juntar amigos à volta da mesa em tascas e cafés,
como aconteceu por exemplo no Snack Bar 14, em Arronches numa tarde de abril, com umas
“Túberas com Ovos”, acompanhadas com um bom tinto da região.
Fotos: E. Moitas
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