quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Arronches – Pedras com história




Memórias do antigo Cruzeiro da ponte do Crato”


Hoje recordamos aqui o aparecimento da base de um velho cruzeiro em granito, possivelmente um dos mais antigos deste concelho, que foi encontrado há mais de 20 anos, dentro do rio Caia, junto à antiga ponte do Crato em Arronches.

A peça apareceu no decorrer de trabalhos de extração de areia e cascalho, por parte da Câmara Municipal de Arronches, junto á ponte.


Recolhida do local a peça foi exposta durante alguns anos junto ao edifício dos Paços do Concelho, por motivos que se desconhecem, mas que apontam para falta de sensibilidade pelo património histórico e sua importância para memória futura ou valorização turística, a base do cruzeiro foi removida do local e abandonada num deposito de monos onde permanece esquecida á sombra de uma oliveira.   

 

Origem dos Cruzeiros:

 

O aparecimento do Cruzeiro remonta aos primeiros séculos do cristianismo. Procurou-se cristianizar todos os sítios e monumentos pagãos. A cruz era o símbolo usado para levar a cabo o processo de cristianização.

 

Com o imperador Constantino a cruz tornou-se no elemento simbólico dos cristãos. A cruz “é sempre o símbolo do triunfo eterno sobre a morte”, locais protegidos eram aqueles onde ela figurasse.


Um Cruzeiro é uma "grande cruz de pedra, erguida ao ar livre, na entrada de povoações, adro de igrejas, ou em encruzilhadas, praças, cemitérios".


Os cruzeiros podiam ainda ser encontrados como acontece no concelho de Arronches, nas bermas dos caminhos, nas praças, no alto dos montes, perto das povoações ou isoladas. São mais ou menos monumentais, com primores de pendor artístico uns, com inscrições ou lisos.

 

Os Cruzeiros representam o espírito popular da devoção religiosa. Contudo, nem sempre esta causa foi determinante para a sua construção, pois muitos serviram para marcar acontecimentos de pendores variados e para proteger contra influências maléficas e feitiçarias os caminhos, as encruzilhadas e os largos das aldeias, como acontece com o cruzeiro da herdade de Roque Vaz, em Arronches.

 

O Cruzeiro é uma forma de oração, um convite à reflexão, como um catecismo de pedra que nos introduz nos permanentes mistérios que movem filósofos, artistas e poetas: o enigma da origem da vida, a morte e o mundo.

Fotos/ Emílio Moitas

Bibliografia:

 VIEIRA, Leonel - In Seminário: «Cruzeiros de Lousada», Universidade Portucalense, 2004

CHAVES, Luís – Cruzeiros de Portugal. Lisboa: Ed. Revista «Brotéria», Vol. XIV, 1932




 

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