A peça apareceu no decorrer de trabalhos de extração de
areia e cascalho, por parte da Câmara Municipal de Arronches, junto á ponte.
Recolhida do local a peça foi exposta durante alguns anos junto
ao edifício dos Paços do Concelho, por motivos que se desconhecem, mas que
apontam para falta de sensibilidade pelo património histórico e sua importância
para memória futura ou valorização turística, a base do cruzeiro foi removida
do local e abandonada num deposito de monos onde permanece esquecida á sombra
de uma oliveira.
Origem dos Cruzeiros:
O aparecimento do Cruzeiro remonta aos primeiros séculos do
cristianismo. Procurou-se cristianizar todos os sítios e monumentos pagãos. A
cruz era o símbolo usado para levar a cabo o processo de cristianização.
Com o imperador Constantino a cruz tornou-se no elemento
simbólico dos cristãos. A cruz “é sempre o símbolo do triunfo eterno sobre a
morte”, locais protegidos eram aqueles onde ela figurasse.
Um Cruzeiro é uma "grande cruz de pedra, erguida ao ar
livre, na entrada de povoações, adro de igrejas, ou em encruzilhadas, praças,
cemitérios".
Os cruzeiros podiam ainda ser encontrados como acontece no
concelho de Arronches, nas bermas dos caminhos, nas praças, no alto dos montes,
perto das povoações ou isoladas. São mais ou menos monumentais, com primores de
pendor artístico uns, com inscrições ou lisos.
Os Cruzeiros representam o espírito popular da devoção
religiosa. Contudo, nem sempre esta causa foi determinante para a sua
construção, pois muitos serviram para marcar acontecimentos de pendores
variados e para proteger contra influências maléficas e feitiçarias os
caminhos, as encruzilhadas e os largos das aldeias, como acontece com o
cruzeiro da herdade de Roque Vaz, em Arronches.
O Cruzeiro é uma forma de oração, um convite à reflexão,
como um catecismo de pedra que nos introduz nos permanentes mistérios que movem
filósofos, artistas e poetas: o enigma da origem da vida, a morte e o mundo.
Fotos/ Emílio Moitas
Bibliografia:
VIEIRA, Leonel - In
Seminário: «Cruzeiros de Lousada», Universidade Portucalense, 2004
CHAVES, Luís – Cruzeiros de Portugal. Lisboa: Ed. Revista
«Brotéria», Vol. XIV, 1932
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