terça-feira, 12 de abril de 2022

Arronches - Em Domingo de Ramos benze-se o alecrim e colocou-se a cruz na seara


No Alentejo, e em particular em Arronches ou zona de Elvas a tradição manda que após a Missa de Domingo de Ramos o alecrim e oliveira depois de benzidos, para além da parte que se conserva em casa, para momentos de aflição e afastar as trovoadas, outros ramos são ainda postos nos campos para proteger searas de pragas e outras calamidades.

 

Depois de abençoados e geralmente montados em canas em forma de cruz, para proteger as searas como sinal de fé e compromisso com Cristo e simbolizando a força da vida e a esperança da ressurreição.

 

 As Searas no Alentejo, num pequeno excerto do saudoso lavrador, José da Silva Picão, em 1947

 

“Na agricultura alentejana as searas ocupam lugar culminante, a região elvense é das que mais se distingue e avantaja neste importantíssimo ramo agrícola. Aqui, como em toda a província, as searas constam de trigo, centeio, cevada e aveia.


De cultura extensiva nas herdades, em folhas de dois a dez ou doze moios de semeadura, e quase intensiva nas tapadas, ferregiais e courelas dos arredores das povoações. A cultura do trigo vai num crescendo manifesto, embora inferior ao que se observa noutras zonas, onde pouco se semeava ainda há doze anos. 


Em Arronches e no Crato, por exemplo, havia terras e terras incultas, ou cultivadas de longe em longe e mal, que de 1892 para cá estão a ser arroteadas com incremento febril, aplicando-se a cereais. Onde, em tempos que não vão longe, só vicejavam estevas, carrascos e saragaços, hoje desenvolvem-se e criam-se extensas searas, que aumentam de ano para ano nos terrenos que se conquistam à charneca.”

Fotos/ Emílio Moitas





 

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