Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), alusivos aos últimos Censos parece terem deixado estupefactos muitos portugueses que das “duas uma” ou andavam alheados da realidade ou distraídos com “fedivers” para uma situação que se constata diariamente em terras do interior onde na maioria dos concelhos do país vazios de gente e onde se perde população desde o final dos anos 1955, e em maior número entre 2011 e 2021, segundo dados agora conhecidos dos Censos.
O Alentejo como se
esperava foi a região que perdeu mais pessoas e só o Algarve e a Área
Metropolitana de Lisboa é que registaram aumentos ao longo da década, segundo
os dados preliminares. Como um todo, a população residente em Portugal encolheu
2%, para 10.347.892 pessoas.
Este decréscimo da população acontece em quase todo o
interior do país, que tem seguido uma política
quer seja a nível estatal e local
em muitos casos, isto por não valorizarem as pessoas e os recursos do
território aliado a ausência de uma
política fiscal adequada a estes territórios desfavorecidos.
Tendo por base o concelho de Arronches que no ranking, da
Marktest foi classificado um dos melhores concelhos para se viver, ou um dos
concelhos mais seguros, tudo isto é muito bonito e dá titulares de notícias empolgantes,
podendo até ser simpático a quem nos visita e por cá permanece pouco tempo.
A realidade para quem cá vive diariamente é bem diferente,
longe de quase tudo as dificuldades são imensas, a começar por cuidados e
saúde, que ou são escassos ou distantes, falta de emprego, transportes públicos
rodoviários/ferroviários com as cidades vizinhas ou Lisboa, escassos ou com
horários desajustados, mau acesso à capital de distrito com a estrada
esburacada e mal sinalizada, cobertura de rede móvel ainda inexistente ou com
baixa qualidade, impedindo o acesso à Internet.
Estas são apenas algumas das dificuldades que têm
contribuído para diminuição acentuada da população do concelho de Arronches,
desde 1955 a 2021, com os jovens a procurem outros locais para viver e
constituir família, a população residente cada vez mais idosa.
Em suma antevê-se para estes territórios escassas
perspetivas de futuro, isto a não ser que se venha a inverter a atual situação
tipo “deixa andar”, e se venha a apostar mais nas pessoas e nos recursos
naturais por vezes únicos, quer seja na gastronomia, turismo, património histórico/cultural/natural,
ou produtos locais, criando condições para a fixação de pessoas e captar novos investimentos de preferência não
poluentes que possam revigorar o território evitando a crescente e assustadora
desertificação humana que está a deixar vazias de gente as freguesias de
Mosteiros, Esperança ou lugares como Nave Fria e Hortas de Cima.
A população decresceu em todos os concelhos do distrito de
Portalegre, distrito que tem hoje 104.989 residentes, menos 13.517 do que em
2011, segundos os resultados preliminares dos censos 2021.
O concelho de Arronches surge com (-11,9%) – 2789 residentes
atualmente.
Com/ Emílio Moitas
Fonte/ INE/ Instituto Nacional de Estatística/Marktest
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