domingo, 20 de junho de 2021

Gripe espanhola - A epidemia que veio de Espanha e entrou pelo Alentejo agora recordada em livro


Na passada tarde de domingo, dia 21 de junho, foi apresentado o livro “A RUA DE TRÊS” Memórias da Gripe Espanhola e 1918 em Vila Viçosa, um livro de Tiago Salgueiro, que teve edição de autor, e aconteceu pelas 18h00, no adro da Igreja de Nossa Senhora da Lapa, em Vila Viçosa, perante numerosa assistência, que não só adquiriu o livro, como felicitou o autor pelo trabalho agora divulgado, numa obra com mais de 150 páginas, com inúmeras fotografias e ilustrações.


Esta obra é o resultado de um projeto de investigação que teve por base análise da documentação produzida pela subdelegação de saúde de Vila Viçosa (que se encontra depositada no Arquivo Histórico Municipal), localidade alentejana onde foi registado o primeiro caso de Gripe Espanhola no contexto nacional, ocorrido em maio de 1918, assim como na recolha de diversos testemunhos locais sobre o que permaneceu na memória coletiva dos calipolenses dos tempos idos dessa dramática epidemia.

 

A fazer lembrar a atual pandemia, de um dia para o outro, em 1918, as pessoas começaram a adoecer e a provocar mortes em Vila Viçosa e o número de mortes não mais parou até atingir muitos milhares em pouco meses em todo o país. Em três ondas, a pneumónica - também conhecida por gripe espanhola - matou principalmente jovens e não poupou nenhuma classe social em Portugal.

 

A sua entrada em Portugal deu-se através dos trabalhadores sazonais portugueses que iam para Badajoz e Olivença e que trouxeram a doença para a localidade alentejana de Vila Viçosa, onde no fim de maio ocorre a primeira morte. No dia 4 do mês seguinte é registado outro caso em Leiria, confirmando a fácil propagação em todo o território, pois vai da zona perto da fronteira com Espanha - seguir-se-á Guarda, Castelo Branco, Beja e Évora - para o litoral e chega rapidamente aos grandes centros urbanos de Lisboa e do Porto. Segundo cálculos oficiais, os índices de maior mortalidade verificaram-se em Benavente, onde sete em cada cem pessoas morreram da gripe.

 

Em Portugal o número oficial de vítimas é superior a 60 mil. A doença varreu o país a uma grande velocidade, tanto assim que a falta de caixões para os funerais foi um dos resultados imediatos, o que fazia que muitas famílias os comprassem por antecipação e guardassem debaixo das camas onde os seus membros agonizavam.

 

Questionado no decorrer da apresentação do livro, pela Rádio Campanário, se nos seus projetos futuros estava pensado um livro sobre a pandemia de Covid-19, Tiago Salgueiro respondeu "Acho que é preciso haver um distanciamento histórico para se tentar perceber o que é que realmente aconteceu. pode ser que daqui a 100 anos venha algum outro investigador olhar para este período em particular."


Um evento contou com o apoio da Irmandade de Nossa Senhora da Lapa e da Palad’art, e respeitou as normas Covid-19, com utilização de máscara e o cumprimento das normas de distanciamento social.

Fonte/ DN / Rádio Campanário

Fotos/ Emílio Moitas 








 

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