Na passada tarde de domingo, dia 21 de junho, foi apresentado o livro “A RUA DE TRÊS” Memórias da Gripe Espanhola e 1918 em Vila Viçosa, um livro de Tiago Salgueiro, que teve edição de autor, e aconteceu pelas 18h00, no adro da Igreja de Nossa Senhora da Lapa, em Vila Viçosa, perante numerosa assistência, que não só adquiriu o livro, como felicitou o autor pelo trabalho agora divulgado, numa obra com mais de 150 páginas, com inúmeras fotografias e ilustrações.
Esta obra é o resultado de um projeto de investigação que
teve por base análise da documentação produzida pela subdelegação de saúde de
Vila Viçosa (que se encontra depositada no Arquivo Histórico Municipal), localidade
alentejana onde foi registado o primeiro caso de Gripe Espanhola no contexto
nacional, ocorrido em maio de 1918, assim como na recolha de diversos testemunhos
locais sobre o que permaneceu na memória coletiva dos calipolenses dos tempos
idos dessa dramática epidemia.
A fazer lembrar a
atual pandemia, de um dia para o outro, em 1918, as pessoas começaram a adoecer
e a provocar mortes em Vila Viçosa e o número de mortes não mais parou até
atingir muitos milhares em pouco meses em todo o país. Em três ondas, a
pneumónica - também conhecida por gripe espanhola - matou principalmente jovens
e não poupou nenhuma classe social em Portugal.
A sua entrada em Portugal deu-se através dos trabalhadores
sazonais portugueses que iam para Badajoz e Olivença e que trouxeram a doença
para a localidade alentejana de Vila Viçosa, onde no fim de maio ocorre a
primeira morte. No dia 4 do mês seguinte é registado outro caso em Leiria,
confirmando a fácil propagação em todo o território, pois vai da zona perto da
fronteira com Espanha - seguir-se-á Guarda, Castelo Branco, Beja e Évora - para
o litoral e chega rapidamente aos grandes centros urbanos de Lisboa e do Porto.
Segundo cálculos oficiais, os índices de maior mortalidade verificaram-se em
Benavente, onde sete em cada cem pessoas morreram da gripe.
Em Portugal o número oficial de vítimas é superior a 60 mil.
A doença varreu o país a uma grande velocidade, tanto assim que a falta de
caixões para os funerais foi um dos resultados imediatos, o que fazia que
muitas famílias os comprassem por antecipação e guardassem debaixo das camas
onde os seus membros agonizavam.
Questionado no decorrer da apresentação do livro, pela Rádio
Campanário, se nos seus projetos futuros estava pensado um livro sobre a
pandemia de Covid-19, Tiago Salgueiro respondeu "Acho que é preciso haver
um distanciamento histórico para se tentar perceber o que é que realmente
aconteceu. pode ser que daqui a 100 anos venha algum outro investigador olhar
para este período em particular."
Um evento contou com o apoio da Irmandade de Nossa Senhora
da Lapa e da Palad’art, e respeitou as normas Covid-19, com utilização de
máscara e o cumprimento das normas de distanciamento social.
Fonte/ DN / Rádio Campanário
Fotos/ Emílio Moitas
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