terça-feira, 2 de abril de 2024

Alentejo - João Oliveira, o último latoeiro de Esperança que ainda trabalha com técnicas de antigamente


Digamos que possivelmente sobram dedos de uma mão para contar em 2024 os latoeiros ainda em atividade no distrito de Portalegre.


Há 50 anos por terras do Alto Alentejo encontraríamos em quase todos os concelhos artesãos que trabalhavam as folhas de zinco, transformando-as em utensílios. Depois chegou o plástico e a arte quase morreu. Agora volta a renascer pelas mãos dos quase extintos mestres que ainda conseguem dobrar as folhas zincadas.


Baldes, almotolias, candeeiros, candeias, bilhas de azeite, ferradas para ordenhas, cafeteiras para salamandras, tabuleiros para retalhar azeitonas e baús de motorizadas clássicas mostram que João Oliveira, afinal, ainda tem mãos e arte para trabalhar a lata.


João Oliveira, nasceu no Baixo Alentejo, no concelho Moura, andou pelo Algarve, mas agora veio morar para junto de uma filha, que reside aqui na rua de Arronches, na freguesia de Esperança, no concelho de Arronches, e como nunca foi homem de ficar parado sem nada fazer decidiu continuar a arte da latoaria, fazendo novas peças e restauros de peças antigas.


A latoaria é um ofício com origem na era pré-industrial, consistindo na produção (e reparação) de objetos feitos a partir de chapa metálica trabalhada a frio. A arte da latoaria tem inúmeras aplicações. Do embalamento e armazenamento de víveres à pastelaria ou à luminária doméstica e urbana.


 Muitos dos assadores de castanhas ou sardinhas que se avistam nas ruas durante o inverno ou pelo S. João, são feitos por latoeiros, mas há outros artefactos no nosso dia-a-dia, como os regadores de plantas, as pás das vassouras ou a almotolia.

 

A latoaria é uma arte que tem hoje um número reduzido de artesãos ativos, com uma média de idades muito elevada. Apesar de muitos dos utensílios realizados em tempos pelos latoeiros terem caído em desuso, outros mantêm a sua atualidade, nomeadamente os que são utilizados na produção de queijo; e outros ligados à casa, como o funil, a pá, ou o regador. As candeias e lamparinas continuam a ser vendidas, mas como objetos decorativos.


Foto/ Emílio Moitas

Bibliografia

Escolas Preparatórias de Évora e Portalegre/ Centro de Estágio de Educação Visual (1980). Artes e Tradições de Évora e Portalegre. Lisboa: Terra Livre.



 

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