Com alguma frequência sou surpreendido por alguns amigos ou conhecidos que me fazem chegar, papeis, fotografias, objetos ou documentos, alguns anteriores à descoberta do Brasil por Pedro Alvares Cabral, e que ocasionalmente encontram junto a contentores ou ecopontos em Arronches, ali colocados por ignorância ou falta de sensibilidade de particulares e instituições.
Preocupante dado que uma comunidade ou nação que não saiba preservar
a sua História, Memória, Tradição, é uma nação que perde a sua Identidade e se
destrói a si mesma.
Hoje quem renega o Ontem não terá amanhã ou, nas palavras do
historiador brasileiro, Arlindo Veiga dos Santos, “o Presente que nega o Passado
não terá Futuro”, assim como "um povo que não respeita o Passado” é um
povo que “não tem dignidade no Presente”.
A imagem aqui partilhada foi parar à reciclagem e resgatada in
extremis, poucas horas antes da grande chuvada da tempestade “Bárbara”, possivelmente pertenceu a uma jovem arronchense,
nascida no final 1800, mulher de posses e pertencente a alguma família local de lavradores alentejanos, que em 1929, decidiu encomendar
o seu retrato a carvão a Carlos Restolho, um conhecido artista, autor de
diversas imagens dos anos 20 do século passado, e uma coleção de postais a
preto e branco, alusivos a Arronches.
No passado, as pinturas de retratos representavam os
ricos e poderosos. Ao longo do tempo, no entanto, tornou-se mais comum para a
classe média.
Na maioria dos casos, nos retratos figurava um olhar sério e
lábios fechados. Grande parte da expressão facial era criada através dos olhos
e sobrancelhas.
Fica o registo desta memória, com o pedido, se alguém puder contribuir como novos dados sobre esta senhora, cuja imagem foi dada à posterioridade em 1929, há mais de 90 anos, por Carlos Restolho, agradece-se o contributo.
Fotos/ Emílio Moitas
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