quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Arronches - Quando as memórias locais e cultura acabam no contentor ou ecoponto


Com alguma frequência sou surpreendido por alguns amigos ou conhecidos que me fazem chegar, papeis, fotografias, objetos ou documentos, alguns anteriores à descoberta do Brasil por Pedro Alvares Cabral, e que ocasionalmente encontram junto a contentores ou ecopontos em Arronches, ali colocados por ignorância ou falta de sensibilidade de particulares e instituições.


Preocupante dado que uma comunidade ou nação que não saiba preservar a sua História, Memória, Tradição, é uma nação que perde a sua Identidade e se destrói a si mesma.


Hoje quem renega o Ontem não terá amanhã ou, nas palavras do historiador brasileiro, Arlindo Veiga dos Santos, “o Presente que nega o Passado não terá Futuro”, assim como "um povo que não respeita o Passado” é um povo que “não tem dignidade no Presente”.


A imagem aqui partilhada foi parar à reciclagem e resgatada in extremis, poucas horas antes da grande chuvada da tempestade “Bárbara”,  possivelmente pertenceu a uma jovem arronchense, nascida no final 1800, mulher de posses e pertencente a alguma família  local de lavradores alentejanos, que em 1929, decidiu encomendar o seu retrato a carvão a Carlos Restolho, um conhecido artista, autor de diversas imagens dos anos 20 do século passado, e uma coleção de postais a preto e branco, alusivos a Arronches.


No passado, as pinturas de retratos representavam os ricos e poderosos. Ao longo do tempo, no entanto, tornou-se mais comum para a classe média.


Na maioria dos casos, nos retratos figurava um olhar sério e lábios fechados. Grande parte da expressão facial era criada através dos olhos e sobrancelhas.


Fica o registo desta memória, com o pedido, se alguém puder contribuir como novos dados sobre esta senhora, cuja imagem foi dada à posterioridade em 1929, há mais de 90 anos, por Carlos Restolho, agradece-se o contributo.

Fotos/ Emílio Moitas 




 

Sem comentários:

Enviar um comentário