No período Marcelista de 1968 a 1974, o pequeno lugar de
Barrulho, na freguesia de Mosteiros no concelho de Arronches, que vinha
conhecendo alguns melhoramentos como a
construção das Escolas Primárias para rapazes e raparigas, registou aquele que
para a época foi um feito notável para muitos dos trabalhadores rurais desta
freguesia, a construção de casa própria, ainda que no seu início sem ligação à rede pública de abastecimento de água e/ou
de saneamento, ainda em parte inexistentes, ou energia elétrica e com
arruamentos de terra batida.
No pós 25 de Abril de 1974, aos poucos foram chegando outros melhoramentos que se
traduziram na melhoria das condições de habitabilidade do jovem lugar de
Barulho, que deve o nome a um famoso taberneiro, com estabelecimento num lugar
aprazível, localizado a meio caminho
entre Arronches e Alegrete, na então
movimentada estrada da serra, com acesso aos muitos moinhos da Ribeira de
Arronches e mesmo a Portalegre, principalmente nos meses de inverno, com a
crescida de ribeiras e riachos e ausência de pontes em parte do percurso da
atual estrada N 246, faziam impossível ou penosa a viagem nesta via.
O antigo Barulho e o atual Mosteiros como todas as
localidades, têm uma Rua Direita ou um Largo 25 Abril, mas um Bairro da Lata é
algo de estranho numa aldeia alentejana afastada de grandes núcleos urbanos e
perdida na Serra de S. Mamede.
Mas afinal quem é que se lembrou de um nome assim?
O que significa? Dado aqui nunca ter existido nenhum Bairro
da Lata, mas o nome figurou durante muitos anos em alguns documentos como os
recibos de consumo de água, emitidos pela Câmara municipal de Arronches, para
dessagrado dos residentes.
Fica a dúvida quanto a origem da insólita toponímia, que
poderá ter tido origem em excesso de sentido de humor, forma depreciativa ou
bullying, no pós 25 de Abril, para com as humildes gentes da serra os na época
denominados de “serrenhos”, que com o seu esforço e trabalho tiveram valor e
coragem de construir casa própria.
Em suma um episódio curioso da história local, e algo
pejorativo “Bairro da Lata” que depois passaria a Bairro Novo e terminar por
agora (2020) em Rua do Jardim.
Fotos/ E. Moitas
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