segunda-feira, 15 de julho de 2013

Arronches – CDU apresentou candidatos aos Órgãos Autárquicos

No Centro Cultural de Arronches a CDU realizou-se na tarde do dia 14 de julho, a sessão pública de apresentação da Candidatura aos Órgãos Autárquicos do Concelho de Arronches. A sessão iniciou-se com a intervenção sucinta de José Botelheiro que apresentou a lista à Câmara Municipal de que fazem parte António Pascoal, Cesarina Cunha, Daniel Balbino, Francisco Matos Serra e o próprio José Botelheiro, igualmente cabeça de lista à Assembleia Municipal.

Seguiu-se a intervenção de Francisco Matos Serra que salientou a sua satisfação em fazer parte da equipa que se candidata à Câmara Municipal, para além de ter reafirmado a importância de uma força alternativa em Arronches que congregue o máximo de pessoas, sobretudo daqueles que se revêem num projecto de protecção das populações.

Finalmente, o cabeça de lista à Câmara Municipal de Arronches, António Pascoal, após agradecer a presença de quem esteve presente, lembrou os velhos tempos em que participava em concursos literários mais com o objectivo de seduzir o júri e que essa era, de certa forma, a posição em que se encontrava, salientando a utilidade de tal se poder traduzir em votos. António Pascoal sublinhou a importância de se criar um clima de confiança em Arronches, reforçando a ideia de que a CDU não irá contribuir para o excesso de crispação existente na vila, já um pouco agastada com uma certa bipolarização. Referiu finalmente que uma das virtudes da lista em que está integrado e que a distingue de outras tem a ver com o facto de qualquer elemento dos cinco efectivos poder ser o cabeça de lista, uma vez que encontra ali uma experiência colectiva evidente, acreditando que a CDU de Arronches poderá lutará para dignificar os órgãos autárquicos. De seguida, mencionou os cinco vectores principais do programa da CDU (emprego; recursos humanos e apoio social; alargamento das actividades dos Clubes e Associações; estímulo à criação de roteiros turísticos baseados no legado megalítico e pré-histórico da região; recusa de um sistema de gestão presidencialista (apostando nos orçamentos participativos).

A sessão terminou com a leitura de uma declaração de intenções, (abaixo transcrita) preparada para este evento, destacando a importância de se estabeleceram acordos, para o que o cabeça de lista à Câmara Municipal citou o autor israelita Amos Oz. “Que a liberdade nos una” foi a palavra de ordem com que terminou a sua exposição.
Na sessão, relativamente curta, estiveram presentes pessoas afectas à CDU e de outros quadrantes políticos. 

Transcrição do discurso do candidato da CDU

“A única promessa que faço é a de nada prometer. As pessoas, em geral, gostam de promessas. Posto de outra forma, gostam que lhes mintam. Não o vou fazer. Tudo o que sei – e é muito pouco –, sei-o apenas porque amo causas e projectos. De modo que não tenho qualquer ambição política e muito menos partidária. Acredito, no entanto, que a política é uma das formas mais elevadas da caridade, porque busca o bem comum. Essa, só essa, é a causa que me move. E, se calhar, até aqui não sou diferente de outros candidatos.

Posso dizer também que tenho vida para além desta correria autárquica: movo-me por interesses pessoais que têm sempre algo de colectivo ou que envolvem os outros, sem que busque qualquer tipo de proveito material. A minha visão do mundo é a de quem acredita que a matéria está ao serviço do espírito. Em Arronches pouco tenho feito, a não ser dinamizar um festival de música sacra que farei questão de manter. Este será ainda o ano em que, em colaboração com entidades e organizações que fui capaz de envolver, procurarei levar João Afonso à Islândia para homenagear a magnífica obra de José Afonso. Tenho estado empenhado em teatro de excelência e pretendo continuar esse projecto no ano lectivo que vem. E depois há ainda todo o trabalho que faço com os alunos. Para além da colaboração em jornais e revistas literárias. Como é bom de ver, sobra-me muito pouco tempo para a política. Mas pensemos que, de alguma forma, todos os nossos gestos e acções são, em certo sentido, políticos, uma vez que nos achamos em sociedade.

O plano da CDU para estas eleições autárquicas não passa por fórmulas que resolvam de imediato os graves problemas que o concelho de Arronches atravessa. Aqui não há toque de Midas que transforme as pedras em ouro. Também não descobrimos a pólvora nem inventámos a roda. O nosso projecto passa por uma visão estratégica que implemente programas de incentivo ao emprego e que revitalize as actividades agrícolas, o comércio, a indústria, e reanime o património imobiliário local e o património turístico natural e histórico desta região. Há formas de consegui-lo. Podemos não conhecê-las a fundo, mas sabemos onde e como encontrá-las. Isso não invalida que possamos trabalhar em conjunto com outras forças de intervenção partidária. Um concelho tão pequeno como o de Arronches não merece que a sua população se divida em pessoas voltadas de costas umas para as outras. Acreditamos na implementação de Orçamentos Participativos, uma das formas mais avançadas de devolver aos cidadãos a palavra e o poder das decisões.

O ser humano é um projecto infinito – talvez seja esta a “receita” mais adequada aos novos tempos. Precisamos de uma paz sem vencedores nem vencidos. Precisamos de modéstia e de trabalho. E da consciência de que, mais do que as ideias, as pessoas são a única coisa que importa. Esse é que é o ovo de Colombo.

Quero ainda assumir, mais uma vez, a necessidade de estabelecer acordos e compromissos. Tal como o diz um escritor israelita, “chegar a um acordo, a um compromisso tem uma reputação terrível. O acordo é concebido como falta de integridade, falta de directriz moral, falta de consistência, falta de honestidade. O compromisso empesta. No meu vocabulário [diz esse mesmo escritor] chegar a um acordo, a um compromisso é sinónimo de vida. E onde há vida há compromissos estabelecidos. O contrário de comprometer-me a chegar a um acordo não é integridade, o contrário de comprometer-me a chegar a um acordo não é idealismo, o contrário de comprometer-me a chegar a um acordo não é determinação. O contrário de comprometer-me a chegar a um acordo é fanatismo e morte. Estou casado [o escritor de que falo] há 42 anos com a mesma mulher, o que faz com que entenda de acordos. E quando digo acordo não quero dizer capitulação, não quero dizer dar a outra face ao rival ou a um inimigo ou a uma esposa, quero dizer procurar encontrar-se com o outro em algum ponto a metade do caminho. E não há acordos felizes: um acordo feliz é uma contradição. Um oxímoro”.

É com imenso orgulho que integro a candidatura à Câmara Municipal de Arronches pela CDU. Mas mais me orgulho de pertencer a uma equipa que me dá mostras de confiança e em quem deposito a esperança de, pelo menos, deixarmos uma nota, senão uma marca, de seriedade e elevação política. Não viemos para nos servirmos, viemos para servir. Nisso também estamos de acordo.”

Que a Liberdade Nos Una.
António Jacinto Pascoal
Centro Cultural de Arronches - 14 de Julho de 2013 


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