No Centro Cultural de Arronches a
CDU realizou-se na tarde do dia 14 de julho, a sessão pública de apresentação
da Candidatura aos Órgãos Autárquicos do Concelho de Arronches. A sessão
iniciou-se com a intervenção sucinta de José Botelheiro que apresentou a lista
à Câmara Municipal de que fazem parte António Pascoal, Cesarina Cunha, Daniel
Balbino, Francisco Matos Serra e o próprio José Botelheiro, igualmente cabeça
de lista à Assembleia Municipal.
Seguiu-se a intervenção de
Francisco Matos Serra que salientou a sua satisfação em fazer parte da equipa
que se candidata à Câmara Municipal, para além de ter reafirmado a importância
de uma força alternativa em Arronches que congregue o máximo de pessoas,
sobretudo daqueles que se revêem num projecto de protecção das populações.
Finalmente, o cabeça de lista à
Câmara Municipal de Arronches, António Pascoal, após agradecer a presença de
quem esteve presente, lembrou os velhos tempos em que participava em concursos
literários mais com o objectivo de seduzir o júri e que essa era, de certa
forma, a posição em que se encontrava, salientando a utilidade de tal se poder
traduzir em votos. António Pascoal sublinhou a importância de se criar um clima
de confiança em Arronches, reforçando a ideia de que a CDU não irá contribuir
para o excesso de crispação existente na vila, já um pouco agastada com uma
certa bipolarização. Referiu finalmente que uma das virtudes da lista em que
está integrado e que a distingue de outras tem a ver com o facto de qualquer
elemento dos cinco efectivos poder ser o cabeça de lista, uma vez que encontra
ali uma experiência colectiva evidente, acreditando que a CDU de Arronches
poderá lutará para dignificar os órgãos autárquicos. De seguida, mencionou os
cinco vectores principais do programa da CDU (emprego; recursos humanos e apoio
social; alargamento das actividades dos Clubes e Associações; estímulo à
criação de roteiros turísticos baseados no legado megalítico e pré-histórico da
região; recusa de um sistema de gestão presidencialista (apostando nos
orçamentos participativos).
A sessão terminou com a leitura
de uma declaração de intenções, (abaixo transcrita) preparada para este evento, destacando a
importância de se estabeleceram acordos, para o que o cabeça de lista à Câmara
Municipal citou o autor israelita Amos Oz. “Que a liberdade nos una” foi a
palavra de ordem com que terminou a sua exposição.
Na sessão, relativamente curta,
estiveram presentes pessoas afectas à CDU e de outros quadrantes
políticos.
Transcrição do discurso do candidato da CDU
“A única promessa que faço é a de
nada prometer. As pessoas, em geral, gostam de promessas. Posto de outra forma,
gostam que lhes mintam. Não o vou fazer. Tudo o que sei – e é muito pouco –,
sei-o apenas porque amo causas e projectos. De modo que não tenho qualquer
ambição política e muito menos partidária. Acredito, no entanto, que a política
é uma das formas mais elevadas da caridade, porque busca o bem comum. Essa, só
essa, é a causa que me move. E, se calhar, até aqui não sou diferente de outros
candidatos.
Posso dizer também que tenho vida
para além desta correria autárquica: movo-me por interesses pessoais que têm
sempre algo de colectivo ou que envolvem os outros, sem que busque qualquer
tipo de proveito material. A minha visão do mundo é a de quem acredita que a
matéria está ao serviço do espírito. Em Arronches pouco tenho feito, a não ser
dinamizar um festival de música sacra que farei questão de manter. Este será
ainda o ano em que, em colaboração com entidades e organizações que fui capaz
de envolver, procurarei levar João Afonso à Islândia para homenagear a
magnífica obra de José Afonso. Tenho estado empenhado em teatro de excelência e
pretendo continuar esse projecto no ano lectivo que vem. E depois há ainda todo
o trabalho que faço com os alunos. Para além da colaboração em jornais e
revistas literárias. Como é bom de ver, sobra-me muito pouco tempo para a
política. Mas pensemos que, de alguma forma, todos os nossos gestos e acções
são, em certo sentido, políticos, uma vez que nos achamos em sociedade.
O plano da CDU para estas
eleições autárquicas não passa por fórmulas que resolvam de imediato os graves
problemas que o concelho de Arronches atravessa. Aqui não há toque de Midas que
transforme as pedras em ouro. Também não descobrimos a pólvora nem inventámos a
roda. O nosso projecto passa por uma visão estratégica que implemente programas
de incentivo ao emprego e que revitalize as actividades agrícolas, o comércio,
a indústria, e reanime o património imobiliário local e o património turístico
natural e histórico desta região. Há formas de consegui-lo. Podemos não
conhecê-las a fundo, mas sabemos onde e como encontrá-las. Isso não invalida
que possamos trabalhar em conjunto com outras forças de intervenção partidária.
Um concelho tão pequeno como o de Arronches não merece que a sua população se
divida em pessoas voltadas de costas umas para as outras. Acreditamos na
implementação de Orçamentos Participativos, uma das formas mais avançadas de
devolver aos cidadãos a palavra e o poder das decisões.
O ser humano é um projecto
infinito – talvez seja esta a “receita” mais adequada aos novos tempos.
Precisamos de uma paz sem vencedores nem vencidos. Precisamos de modéstia e de
trabalho. E da consciência de que, mais do que as ideias, as pessoas são a
única coisa que importa. Esse é que é o ovo de Colombo.
Quero ainda assumir, mais uma
vez, a necessidade de estabelecer acordos e compromissos. Tal como o diz um
escritor israelita, “chegar a um acordo, a um compromisso tem uma reputação
terrível. O acordo é concebido como falta de integridade, falta de directriz
moral, falta de consistência, falta de honestidade. O compromisso empesta. No
meu vocabulário [diz esse mesmo escritor] chegar a um acordo, a um compromisso
é sinónimo de vida. E onde há vida há compromissos estabelecidos. O contrário
de comprometer-me a chegar a um acordo não é integridade, o contrário de comprometer-me
a chegar a um acordo não é idealismo, o contrário de comprometer-me a chegar a
um acordo não é determinação. O contrário de comprometer-me a chegar a um
acordo é fanatismo e morte. Estou casado [o escritor de que falo] há 42 anos
com a mesma mulher, o que faz com que entenda de acordos. E quando digo acordo
não quero dizer capitulação, não quero dizer dar a outra face ao rival ou a um
inimigo ou a uma esposa, quero dizer procurar encontrar-se com o outro em algum
ponto a metade do caminho. E não há acordos felizes: um acordo feliz é uma
contradição. Um oxímoro”.
É com imenso orgulho que integro
a candidatura à Câmara Municipal de Arronches pela CDU. Mas mais me orgulho de
pertencer a uma equipa que me dá mostras de confiança e em quem deposito a
esperança de, pelo menos, deixarmos uma nota, senão uma marca, de seriedade e
elevação política. Não viemos para nos servirmos, viemos para servir. Nisso
também estamos de acordo.”
Que a Liberdade Nos Una.
António Jacinto Pascoal
Centro
Cultural de Arronches - 14 de Julho de 2013
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