Após os meses de Inverno e a longa privação da Quaresma, a
Páscoa dá início a uma intensa actividade em termos de preparações culinárias e
de intercâmbio. A Páscoa é, pois, uma época característica de presentes
cerimoniais, nomeadamente de natureza alimentar, os «folares». A palavra,
porém, numa acepção restrita e mais precisa, designa um certo tipo de bola,
específica do ciclo pascal.
Como bolo de Páscoa, existem, em Portugal, diferentes
espécies de «folares»; o mais corrente e difundido é o de bolo Alentejano em
massa seca, doce, e ligada, feito com farinha de trigo, ovos, leite, azeite,
banha, açúcar e fermento, e condimentado com canela e ervas aromáticas,
geralmente erva-doce, encimado, conforme o seu tamanho, por um ou vários ovos
cozidos inteiros.
Em Arronches manda a tradição que os padrinhos de batismo,
que no domingo de ramos receberam dos afilhados o ramo, têm o dever especial de
no próprio dia de Páscoa entregarem ao afilhado o folar de Páscoa.
Este folar que pode ser em forma de bola ou de lagarto que
simboliza o Sol e a Luz, e junta as famílias em convívio na segunda-feira a
seguir à Páscoa, no qual a comida que restou das celebrações do dia anterior é
levada para um almoço campestre por norma nas margens do rio Caia nas
proximidades de Arronches.
No concelho de Arronches o folar de Páscoa é ainda confeccionado
em casa em forno de lenha, previamente aquecido com “jaras ou xáras” (estevas)
por algumas famílias, respeitando uma antiga receita, ou adquirido nas Casas Arguelles
e Estrela em Mosteiros ou em Esperança na Romofil, fazendo a diferença quanto a
sabor e qualidade, aos folares fabricados de modo industrial que aparecem à
venda em grandes superfícies comerciais, que de folar apenas têm o aspeto.
Fotos: E. Moitas
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