Os quatro monges da Ordem da Cartuxa que anda vivem em
clausura no antigo mosteiro da Cartuxa, na periferia de Évora vão mudar-se em
Espanha, até ao final deste ano, revelou na passada sexta-feira o arcebispo de
Évora, lamentando a perda para a vida consagrada em Portugal e assegura a
vontade de manter o lugar para congregação monástica de clausura.
Segundo o monge e prior da Cartuxa de Évora, padre Antão
Lopez "O Capítulo Geral da Ordem da Cartuxa decidiu que nós, que somos
dois octogenários e dois nonagenários e que já somos poucos para manter isto de
pé, iremos para uma Cartuxa espanhola, perto de Barcelona".
A Fundação Eugénio de Almeida (FEA) é actualmente responsável
pela Cartuxa de Évora, não apenas enquanto "património histórico,
artístico e arquitectónico de grande valor", mas, sobretudo, enquanto
"centro de vida espiritual único em Portugal". e o único mosteiro contemplativo masculino de
Portugal.
A instauração desta ordem em Portugal deveu-se a D. Teotónio
de Bragança (1530-1602), sendo o Convento da Cartuxa de Évora dedicado à Virgem
Maria, sob a denominação "Scala Coeli", a Escada do Céu.
O convento foi integrado na Fazenda Nacional em 1834, após a
extinção das ordens religiosas, e os 13 monges e oito leigos que aí viviam
"foram expulsos e os bens confiscados e vendidos ao desbarato".
Em 1869, após o fecho da escola agrícola que, entretanto,
viria a ser instalada no espaço, José Maria Eugénio de Almeida comprou o
mosteiro, "completamente degradado", e as terras agrícolas
circundantes.
O mosteiro foi reconstruído em 1948, por Vasco Maria Eugénio
de Almeida, bisneto de José Maria, que o devolveu à Ordem Cartusiana, a qual o
reabriu passados 12 anos, de acordo com o modo de vida dos cartuxos, feito de
"silêncio, oração e absoluta entrega a Deus".
A Fundação Eugénio de Almeida assegura até hoje a manutenção
e preservação deste tesouro histórico, artístico e espiritual da cidade de
Évora, único no país.
Fotos/ Emílio Moitas
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