
Arronches acolheu uma conferência a cargo do Prof. Jorge de
Oliveira, sobre a Arte Rupestre na Serra de S. Mamede. Um evento bastante participado e decorreu no Centro
Cultural de Esperança, ao final da tarde da passada sexta feira, dia 16 de
junho, promovida pelo Grémio Transtagano e Junta de Freguesia de Esperança.
Uma excelente conferência com sala cheia, proferida pelo
Prof. Jorge de Oliveira e com moderação da Profª. Ana Maria Reis, que levou
todos os presentes a viajar e a saber mais sobre um património único da região,
e em particular do concelho de Arronches. Como referiu o Prof. Jorge de
Oliveira a arte rupestre de Esperança entrou por direito próprio para a
história portuguesa. Foi aqui no Vale do Junco que se identificaram as
primeiras pinturas do país.
Ainda segundo Jorge Oliveira, terá sido o anarquista Aurélio
Cabrera, natural da vizinha vila de Albuquerque, que descobriu na crista
quartzítica da sua terra as pinturas esquemáticas do “Risco de São Brás” e que,
pouco depois, o levou à aldeia portuguesa da Esperança, no concelho de
Arronches, acompanhado pelo arqueólogo Hernández-Pacheco. Ali estudaram os
primeiros painéis de arte rupestre de Portugal, no Abrigo dos Gaivões.
As restrições à circulação de pessoas atrasaram a vinda de
Henri Breuil à aldeia da Esperança para reconhecer as novas descobertas.
Quando chegou a Arronches, em finais de 1916, com passaporte
diplomático, foi bem acolhido pelas autoridades locais, mas, perante a
insistência em fotografar as grutas da zona fronteiriça, foi visto como espião
e detido pelo sargento da GNR de Arronches.
Até ser reconhecido pelo seu amigo José Leite de
Vasconcellos, ficou sob prisão. No entanto, num passeio pelas margens da
ribeira do Caia, acompanhado pelo seu carcereiro, Breuil descobriu a Estação
Paleolítica de Arronches, junto ao cemitério, nas margens do Caia, o primeiro
local deste período identificado em Portugal.
Depois de confirmadas por Breuil, as primeiras pinturas
esquemáticas da aldeia da Esperança geraram uma sucessão de visitas à serra de
São Mamede pelos arqueólogos do século XX que se interessavam por esta temática. Decorrente desses
trabalhos, no fim do século XX, passaram a conhecer-se quatro abrigos com
pinturas na serra: Gaivões, Louções, Igreja dos Mouros e Pinho Monteiro.
Quando em 2009 o arqueólogo Jorge de Oliveira lançou, em
colaboração com Clara Oliveira, o Projeto Ara – Arte Rupestre de Arronches,
eram conhecidos apenas 4 abrigos com pinturas rupestres naquela zona. Quatro
anos depois conhecem-se 18 locais por toda a Serra de São Mamede. Um deles, o
Abrigo Pinho Monteiro – uma gruta localizada na proximidade de Esperança,
Arronches, assim chamada em memória ao seu descobridor, falecido pouco tempo
depois de ter identificado este local.
As primeiras referências à arte rupestre na área da serra de
São Mamede remontam aos inícios do século XX, atualmente já foram identificados
mais de 50 sítios com pinturas rupestres na serra e seus contrafortes e também
em território espanhol.
Em suma, uma excelente e enriquecedora conferência proferida
pelo Prof. Jorge de Oliveira, a «pessoa perfeita e com trabalho reconhecido no
estudo e valorização da Arte Rupestre na Serra de S. Mamede», que em Esperança
teve mérito de conseguir juntar um numeroso grupo de pessoas, entre as quais se
incluía o executivo da Câmara Municipal de Arronches, liderado pelo seu
presidente, João Crespo e ainda o ex presidente de Câmara Gil Romão, que enriqueceram este evento promovido pelo Grémio Transtagano e
Junta de Freguesia de Esperança, com as suas intervenções.
Bibliografia: Jorge de Oliveira.
Fotos/ Emílio Moitas


















