quinta-feira, 31 de março de 2016

Arronches – Padrinhos mantêm tradição e oferecem folar Páscoa

Após os meses de Inverno e a longa privação da Quaresma, a Páscoa dá início a uma intensa actividade em termos de preparações culinárias e de intercâmbio. A Páscoa é, pois, uma época característica de presentes cerimoniais, nomeadamente de natureza alimentar, os «folares». A palavra, porém, numa acepção restrita e mais precisa, designa um certo tipo de bola, específica do ciclo pascal.

Como bolo de Páscoa, existem, em Portugal, diferentes espécies de «folares»; o mais corrente e difundido é o de bolo Alentejano em massa seca, doce, e ligada, feito com farinha de trigo, ovos, leite, azeite, banha, açúcar e fermento, e condimentado com canela e ervas aromáticas, geralmente erva-doce, encimado, conforme o seu tamanho, por um ou vários ovos cozidos inteiros.

Em Arronches manda a tradição que os padrinhos de batismo, que no domingo de ramos receberam dos afilhados o ramo, têm o dever especial de no próprio dia de Páscoa entregarem ao afilhado o folar de Páscoa.

Este folar que pode ser em forma de bola ou de lagarto que simboliza o Sol e a Luz, e junta as famílias em convívio na segunda-feira a seguir à Páscoa, no qual a comida que restou das celebrações do dia anterior é levada para um almoço campestre por norma nas margens do rio Caia nas proximidades de Arronches.

No concelho de Arronches o folar de Páscoa é ainda confeccionado em casa em forno de lenha, previamente aquecido com “jaras ou xáras” (estevas) por algumas famílias, respeitando uma antiga receita, ou adquirido nas Casas Arguelles e Estrela em Mosteiros ou em Esperança na Romofil, fazendo a diferença quanto a sabor e qualidade, aos folares fabricados de modo industrial que aparecem à venda em grandes superfícies comerciais, que de folar apenas têm o aspeto. 
Fotos: E. Moitas



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